sábado, 3 de novembro de 2012

Uma perspectiva da teoria da complexidade de Edgar Morin e a educação no ambiente escolar


Centro Universitário Claretiano






Uma perspectiva da teoria da complexidade de Edgar Morin e a educação no ambiente escolar







Trabalho de conclusão do curso de extensão Antropologia, Educação e Ética pelo Centro Universitário Claretiano.




Paulo Rogério Sousa Santos


Santo André
    2011


Sumário





Introdução

A critica de Edgar Morin trás com muita clareza os problemas da educação e suas implicações éticas com uma perspectiva crítica do Dr. Marcelo Donizete, o pensamento de Edgar Morin e sua teoria da complexidade e sua importância no repensar o ensino e suas estruturas no ambiente escolar.
Para o Morin o homem é um ser que não esta no mundo ao acaso ele é um ser complexo, e o homem compõe em suas dimensões o ser que confronta a natureza e constrói conhecimento, ciência, é o ser que vivencia sua história e a reconhece a compreende, sendo capaz de reproduzi-la, como fator histórico/cultural, sendo assim um ser racional, cultural e realista.
E o papel da educação no ambiente escolar em relação a esse ser multidimensional, se traduz como um grande desafio.
E como podemos compreender esse individuo no contesto escolar?

A instrução e o desafio escolar

A educação escolar proporciona uma influencia muito grande na vida das pessoas que a ela tem acesso, no contexto da complexidade do homem onde figura o ser que constrói conhecimento, a escola é um agente provocador e que fornece ferramentas para a construção do conhecimento. E interfere na formação das pessoas de forma considerável.
No Brasil o ensino é universalizado e gratuito, porém o acesso a esse ensino e a qualidade que é oferecida o ensino gratuito são desiguais, e proporciona ensino de qualidade apenas a uma pequena parcela da sociedade. O acesso ao ensino superior é muito restrito e apesar das ações do governo no sentido de minimizar as desigualdades no ensino ainda há uma grande disparidade de oportunidades para o acesso ao ensino superior.O que em si já trás uma dificuldade a mais ara pensar o ambiente escolar.
Segundo Donizete as afirmações de Morin passam a ter mais importância nas afirmações suscitadas por Saviani da fragmentação da educação no Brasil.
A educação nas escolas tem um contexto de trabalho para o conhecimento de jovens e crianças. Visto que a concepção tecnicista da formação educacional propõe uma escola que trabalha o pensamento da criança voltados para a sua socialização e as expectativas que a sociedade tem desses indivíduos.
 Embora como tem apontado Morin o ser humano não se restringe a concepção do “homo faber” mas tem outras dimensões que são atingidas mesmo que sem intenção no ambiente escolar, como as relações interpessoais. O pensamento de Morin se confronta os preconceitos da educação moderna que tem uma tendência a padronizar o ensino de acordo com a tendência apresenta em cada época.
Dentro desse contexto Morin aponta a necessidade de repensar as mudanças no ensino e também a mudança no pensamento de quem aprende e ensina.
Dessa forma obtendo uma melhor compreensão da realidade durante o processo de assimilação e construção do conhecimento.
A teoria pedagógica pressupõe uma necessidade de análise profunda e atenta para o desenvolvimento das bases da educação e do ensino no ambiente escolar. Com vistas à complexidade do ser enquanto individuo atuando dentro de um ambiente coletivo e diversificado.
O que nos trás uma luz a questão na obra de Morin que nos apresenta a complexidade como um motivo para pensar e não um desafio.
A idéia de compreender as pessoas como seres dimensionais, múltiplos em sua unicidade, sendo biológicos, culturais e intelectivos e espirituais. “(..)a complexidade é aquilo que tenta conceber a articulação, a identidade e a diferença de todos esses aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa estes diferentes aspectos, ou unifica-os por uma redução mutilante(..).(Lorieri).O que enseja a teoria da complexidade é dar conta das articulações desse ser que não são atendidas pelo ensino tradicional e padronizador, onde cada matéria não se articula mas é tratada em separado. Não se propõe sanar todas as respostas mas propiciar condições para que o desenvolvimento dimensional seja respeitado, e encontre campo para se articular e desenvolver.O que tradicionalmente não se realiza, sendo podado nos padrões escolares que não respeitam essa dimensionalidade do ser.
   Essa teoria não explica tudo, mas desafia como todo pesquisador deve ter em si a necessidade de elucidar as questões que não se resolvem em toda a sua complexidade.
O pensamento de Morin tem como principal abordagem a definição da condição humana em suas composições.

 ”É o pensamento capaz de reunir (complexus: aquilo que é tecido conjuntamente), de contextualizar, de globalizar, mas ao mesmo tempo, capaz de reconhecer o singular, o individual, o concreto. (Morin e Moigne, 2000).” (aput.Lorieri).
Segundo Donizete a obra de Morin tem como ponto inicial demonstrar a condição humana, onde trata a complexidade como norteador das instruções educacionais.
 Donde as atividades devem sempre percorrer o caminho do ensino através de diferentes vias, as avenidas da complexidade.

A complexidade e as possibilidades


Segundo Lorieri,  Os caminhos da Complexidade, Morin os denomina de “avenidas” que, juntas e conexas, podem conduzir ao pensamento complexo.
E uma proposição de quebrar os laços com a metodologia comumente utilizada nas escolas e pressupor uma redimensionamento do ensino e da relação de aprendizado. Compreendendo o ser como dimensional e não apenas técnico ou trabalhador., com uma educação voltada apenas ao utilitarismo social. Mas pensar o homem como um todo complexo e com diversas possibilidades.
 E é na relação do que se conhece com o que se aprende que surgem  os novos desafios, e se adquiri novos conhecimento onde novos saberes são criados. No que a fraguimentação do ensino é uma barreira, uma herança que a educação contemporânea mantém por se tratar de suprir as necessidades da sociedade atual.
E segundo Donizete o elo entre as diversas ciências é a filosofia que tem o papel questionador, atentando as proposições nos mais diversos ramos do conhecimento, podem assim fazer a ligação entre os saberes.
O que é o verdadeiro lugar da filosofia na opinião do ator, não apenas como um ponto de ligação entre as disciplinas, mas em grande medida como formadora de um pensamento critico.
A filosofia é o condutor para o futuro do conhecimento humano, não podendo estar restrita a uma disciplina engessando o seu verdadeiro papel, que é segundo Morin, “(..)uma força  de interrogação e reflexão dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana”. O pensamento filosófico tem como desafio modificar esse modelo parcelador e reducionista do conhecimento, e em contrapartida não permitir uma universalização descontextualizada e sem conteúdo, a filosofia tem que religar e dimensionar o ensino como um saber moldado na singularidade pluralista, na unidade na diversidade. ”Não precisamos nem de um pensamento parcelar ou reducionista, incapaz de ver o contexto e a globalidade, nem de um pensamento global e oco. Precisamos de um pensamento que considere as partes em relação com o todo e o todo em suas relações com as partes. Tal pensamento evita ao mesmo tempo que se perceba apenas um fragmento fechado de humanidade, esquecendo a mundialidade, e que se perceba apenas uma mundialidade, desprovida de complexidades. A reforma do pensamento é portanto necessária para contextualizar, situar, globalizar e também tentar estabelecer um meta-ponto de vista que, sem nos fazer escapar de nossa condição local-temporal-cultural singular, nos permita considerar, como de um mirante, nosso lugar antropoplanetário.
  A fórmula “pense global e aja local” é sempre verdadeira, mas é preciso acrescentar “pense local e aja global”. (idem,)
A educação deve ser abrangida como um plano humano, já que compõe todos os saberes adquiridos pela humanidade durante sua história.
 Sempre atentos para não fomentar generalizações vazias que nada tem a dizer, mas sim contextualizadas, questionadoras e que venham a acrescentar na construção da universalização do saber. O conhecimento tem que ser universalizado sem perder suas singularidades, não se faz uma troca de métodos mas uma conexão entre os entendimentos, entre aquilo que sabemos.
     

Conclusão

 Se pensarmos numa pedagogia, dentro dessa ótica, poderemos usufruir daquilo que a filosofia nos oferece, que é um constante desafio ao espírito humano.
O chamamento a questão dos problemas gerados pela forma como a educação vem sendo entendida nos aponta o distanciamento entre as disciplinas chamadas humanas e generalizadas, e as demais ciências que se fecharam em seus universos particulares. O prejuízo para ambas é evidente, no que se pode ser aproveitado entre a troca de experiências e a religação dos saberes como diz Morin.
      “A caminhada consiste, ao contrário, em fazer um ir e vir incessante entre certezas e incertezas, entre o elementar e o global, entre o separável e o inseparável.” (ibidem).
Porém as estruturas escolares nos dificultam a própria execução de algumas das idéias que concorrem no sentido de religar os saberes, como se apresenta atualmente no PCN a transdisciplinaridade. Ora pelos prazos a serem cumpridos, ora conteúdos programados de forma padronizada, que se traduz em simples avaliações e estatísticas sobre o ensino.
Acredito que a solução para os problemas enfrentados pela educação estão relacionados, a sua estrutura sistemática e correlacionada com a concepção utilitarista e tecnicista da sociedade moderna. Muito mais do que com as ciências e como elas são expostas. Embora compreenda que o modelo de educação seja um reflexo da sociedade contemporânea e as heranças da história que vivemos, e a fraguimentação do ensino e fruto disso, e provoca dificuldades severas ao ensino na sua integralidade.Creio que somente através de uma revolução no ensino, que possa justamente romper com essa estrutura no seu âmago, valorizando o ser humano e compreendendo o ensino como uma atividade inerente a pessoa. Poderemos criar um ambiente escolar onde se possa haver uma relação entre os saberes como preconiza Morin, da forma como o ensino esta estruturado as ações nesse sentido me parecem paliativas e ineficazes. Visto que o comprometimento necessário por parte da sociedade não se apresenta, a academia, por exemplo, é um mundo separa do resto da sociedade, é hermética e envolta as suas próprias questões em um circulo particular. Envolver a escola e a sociedade em um único objetivo que seria a mudança do pensamento educacional me parece um grande desafio.

Bibliografia 

 

Lorieri, Marcos Antônio.Educação Escolar numa perspectiva da Teoria da Complexidade.UNINOVE.Disponível em:<www4.uninove.br/grupec/Educacao_Escolar.htm>Acessado em:01/05/2010





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