Centro
Universitário Claretiano
Uma perspectiva
da teoria da complexidade de Edgar Morin e a educação no ambiente escolar
Trabalho de conclusão do curso de extensão
Antropologia, Educação e Ética pelo Centro Universitário Claretiano.
Paulo Rogério Sousa Santos
Santo
André
2011
Sumário
Introdução
A critica de Edgar Morin trás com
muita clareza os problemas da educação e suas implicações éticas com uma
perspectiva crítica do Dr. Marcelo Donizete, o pensamento de Edgar Morin e sua
teoria da complexidade e sua importância no repensar o ensino e suas estruturas
no ambiente escolar.
Para o Morin o homem é um ser que
não esta no mundo ao acaso ele é um ser complexo, e o homem compõe em suas
dimensões o ser que confronta a natureza e constrói conhecimento, ciência, é o
ser que vivencia sua história e a reconhece a compreende, sendo capaz de
reproduzi-la, como fator histórico/cultural, sendo assim um ser racional, cultural
e realista.
E o papel da educação no ambiente
escolar em relação a esse ser multidimensional, se traduz como um grande desafio.
E como podemos compreender esse
individuo no contesto escolar?
A instrução e o desafio escolar
A educação escolar proporciona
uma influencia muito grande na vida das pessoas que a ela tem acesso, no
contexto da complexidade do homem onde figura o ser que constrói conhecimento,
a escola é um agente provocador e que fornece ferramentas para a construção do
conhecimento. E interfere na formação das pessoas de forma considerável.
No Brasil o ensino é universalizado
e gratuito, porém o acesso a esse ensino e a qualidade que é oferecida o ensino
gratuito são desiguais, e proporciona ensino de qualidade apenas a uma pequena
parcela da sociedade. O acesso ao ensino superior é muito restrito e apesar das
ações do governo no sentido de minimizar as desigualdades no ensino ainda há
uma grande disparidade de oportunidades para o acesso ao ensino superior.O que
em si já trás uma dificuldade a mais ara pensar o ambiente escolar.
Segundo Donizete as afirmações de
Morin passam a ter mais importância nas afirmações suscitadas por Saviani da
fragmentação da educação no Brasil.
A educação nas escolas tem um
contexto de trabalho para o conhecimento de jovens e crianças. Visto que a
concepção tecnicista da formação educacional propõe uma escola que trabalha o
pensamento da criança voltados para a sua socialização e as expectativas que a
sociedade tem desses indivíduos.
Embora como tem apontado Morin o ser humano
não se restringe a concepção do “homo faber” mas tem outras dimensões que são
atingidas mesmo que sem intenção no ambiente escolar, como as relações
interpessoais. O pensamento de Morin se confronta os preconceitos da educação
moderna que tem uma tendência a padronizar o ensino de acordo com a tendência apresenta
em cada época.
Dentro desse contexto Morin
aponta a necessidade de repensar as mudanças no ensino e também a mudança no
pensamento de quem aprende e ensina.
Dessa forma obtendo uma melhor
compreensão da realidade durante o processo de assimilação e construção do
conhecimento.
A teoria pedagógica pressupõe uma
necessidade de análise profunda e atenta para o desenvolvimento das bases da
educação e do ensino no ambiente escolar. Com vistas à complexidade do ser
enquanto individuo atuando dentro de um ambiente coletivo e diversificado.
O que nos trás uma luz a questão
na obra de Morin que nos apresenta a complexidade como um motivo para pensar e
não um desafio.
A idéia de compreender as pessoas
como seres dimensionais, múltiplos em sua unicidade, sendo biológicos,
culturais e intelectivos e espirituais. “(..)a complexidade é aquilo que
tenta conceber a articulação, a identidade e a diferença de todos esses
aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa estes diferentes aspectos,
ou unifica-os por uma redução mutilante(..).(Lorieri).O que enseja a
teoria da complexidade é dar conta das articulações desse ser que não são
atendidas pelo ensino tradicional e padronizador, onde cada matéria não se
articula mas é tratada em separado. Não se propõe sanar todas as respostas mas
propiciar condições para que o desenvolvimento dimensional seja respeitado, e
encontre campo para se articular e desenvolver.O que tradicionalmente não se
realiza, sendo podado nos padrões escolares que não respeitam essa
dimensionalidade do ser.
Essa teoria não explica tudo,
mas desafia como todo pesquisador deve ter em si a necessidade de elucidar as
questões que não se resolvem em toda a sua complexidade.
O pensamento de Morin tem como principal abordagem a definição da
condição humana em suas composições.
Ӄ o pensamento capaz de reunir (complexus:
aquilo que é tecido conjuntamente), de contextualizar, de globalizar, mas ao
mesmo tempo, capaz de reconhecer o singular, o individual, o concreto. (Morin
e Moigne, 2000).” (aput.Lorieri).
Segundo Donizete a obra de Morin tem como
ponto inicial demonstrar a condição humana, onde trata a complexidade como
norteador das instruções educacionais.
Donde as atividades devem sempre
percorrer o caminho do ensino através de diferentes vias, as avenidas da
complexidade.
A complexidade e as possibilidades
Segundo Lorieri, Os caminhos da Complexidade, Morin os
denomina de “avenidas” que, juntas e conexas, podem conduzir ao pensamento
complexo.
E uma proposição de quebrar os laços com a metodologia comumente
utilizada nas escolas e pressupor uma redimensionamento do ensino e da relação
de aprendizado. Compreendendo o ser como dimensional e não apenas técnico ou
trabalhador., com uma educação voltada apenas ao utilitarismo social. Mas
pensar o homem como um todo complexo e com diversas possibilidades.
E é na relação do que se conhece com o que se aprende que
surgem os novos desafios, e se adquiri
novos conhecimento onde novos saberes são criados. No que a fraguimentação do
ensino é uma barreira, uma herança que a educação contemporânea mantém por se
tratar de suprir as necessidades da sociedade atual.
E segundo Donizete o elo entre as diversas ciências é a filosofia que
tem o papel questionador, atentando as proposições nos mais diversos ramos do
conhecimento, podem assim fazer a ligação entre os saberes.
O que é o verdadeiro lugar da filosofia na opinião do ator, não apenas
como um ponto de ligação entre as disciplinas, mas em grande medida como formadora
de um pensamento critico.
A filosofia é o condutor para o futuro do conhecimento humano, não
podendo estar restrita a uma disciplina engessando o seu verdadeiro papel, que
é segundo Morin, “(..)uma força de interrogação e reflexão dirigida para os
grandes problemas do conhecimento e da condição humana”. O pensamento
filosófico tem como desafio modificar esse modelo parcelador e reducionista do
conhecimento, e em contrapartida não permitir uma universalização
descontextualizada e sem conteúdo, a filosofia tem que religar e dimensionar o
ensino como um saber moldado na singularidade pluralista, na unidade na diversidade. ”Não
precisamos nem de um pensamento parcelar ou reducionista, incapaz de ver o
contexto e a globalidade, nem de um pensamento global e oco. Precisamos de um
pensamento que considere as partes em relação com o todo e o todo em suas
relações com as partes. Tal pensamento evita ao mesmo tempo que se perceba
apenas um fragmento fechado de humanidade, esquecendo a mundialidade, e que se
perceba apenas uma mundialidade, desprovida de complexidades. A reforma do
pensamento é portanto necessária para contextualizar, situar, globalizar e
também tentar estabelecer um meta-ponto de vista que, sem nos fazer escapar de
nossa condição local-temporal-cultural singular, nos permita considerar, como
de um mirante, nosso lugar antropoplanetário.
A fórmula “pense global e aja local” é sempre
verdadeira, mas é preciso acrescentar “pense local e aja global”. (idem,)
A educação deve ser abrangida como um plano humano, já que compõe todos
os saberes adquiridos pela humanidade durante sua história.
Sempre atentos para não fomentar
generalizações vazias que nada tem a dizer, mas sim contextualizadas,
questionadoras e que venham a acrescentar na construção da universalização do
saber. O conhecimento tem que ser universalizado sem perder suas
singularidades, não se faz uma troca de métodos mas uma conexão entre os
entendimentos, entre aquilo que sabemos.
Conclusão
Se pensarmos numa pedagogia, dentro dessa ótica, poderemos
usufruir daquilo que a filosofia nos oferece, que é um constante desafio ao
espírito humano.
O chamamento a questão dos problemas gerados pela forma como a educação
vem sendo entendida nos aponta o distanciamento entre as disciplinas chamadas
humanas e generalizadas, e as demais ciências que se fecharam em seus universos
particulares. O prejuízo para ambas é evidente, no que se pode ser aproveitado
entre a troca de experiências e a religação dos saberes como diz Morin.
“A
caminhada consiste, ao contrário, em fazer um ir e vir incessante entre
certezas e incertezas, entre o elementar e o global, entre o separável e o
inseparável.” (ibidem).
Porém as estruturas escolares nos dificultam a própria execução de
algumas das idéias que concorrem no sentido de religar os saberes, como se
apresenta atualmente no PCN a transdisciplinaridade. Ora pelos prazos a serem
cumpridos, ora conteúdos programados de forma padronizada, que se traduz em
simples avaliações e estatísticas sobre o ensino.
Acredito que a solução para os problemas enfrentados pela educação estão
relacionados, a sua estrutura sistemática e correlacionada com a concepção
utilitarista e tecnicista da sociedade moderna. Muito mais do que com as
ciências e como elas são expostas. Embora compreenda que o modelo de educação
seja um reflexo da sociedade contemporânea e as heranças da história que
vivemos, e a fraguimentação do ensino e fruto disso, e provoca dificuldades
severas ao ensino na sua integralidade.Creio que somente através de uma
revolução no ensino, que possa justamente romper com essa estrutura no seu
âmago, valorizando o ser humano e compreendendo o ensino como uma atividade
inerente a pessoa. Poderemos criar um ambiente escolar onde se possa haver uma
relação entre os saberes como preconiza Morin, da forma como o ensino esta
estruturado as ações nesse sentido me parecem paliativas e ineficazes. Visto
que o comprometimento necessário por parte da sociedade não se apresenta, a
academia, por exemplo, é um mundo separa do resto da sociedade, é hermética e
envolta as suas próprias questões em um circulo particular. Envolver a escola e
a sociedade em um único objetivo que seria a mudança do pensamento educacional
me parece um grande desafio.
Bibliografia
Lorieri, Marcos Antônio.Educação Escolar numa
perspectiva da Teoria da Complexidade.UNINOVE.Disponível em:<www4.uninove.br/grupec/Educacao_Escolar.htm>Acessado
em:01/05/2010
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