quinta-feira, 21 de julho de 2011

Filosofia politica - Uma proposição anarquista



A proposição de bem-estar para todos, feita pelo anarquismo , é possível se todos esses milhares de parasitas deixem de ser apenas um estorvo social e passem a contribuir com sua força de trabalho e os proprietários  não sejam mais senhores de toda a riqueza produzida pelos trabalhadores. “É mister que o rico instrumento da produção seja propriedade comum, a fim de que o espírito coletivo saque dele os maiores benefícios para todos. Impõe-se a expropriação. O bem-estar de todos como fim; a expropriação como meio(..)Devolução à comunidade de tudo o que sirva para conseguir o bem-estar. Mas este problema não pode resolver-se pela via legislativa. O pobre e o rico compreendem que nem os governos atuais nem os que pudessem surgir de uma revolução política seriam capazes de resolvê-lo. Sente-se a necessidade de uma revolução social,.”(Kropotkin)
A revolução social não se processa por mudanças politicas esquecendo-se dos direitos econômicos do povo, não se pode suportar modificações legislativas e imposições de ditaduras e golpes de qualquer sorte, com nomenclaturas pomposas, o que queremos é uma revolução de fato onde o povo tenha seus direitos resguardados e os bens sejam expropriados e utilizados para a promoção da igualdade e da justiça social, não se pode aceitar uma sociedade que produz viveres em quantidades chamais imaginadas e o povo passa fome, indústrias têxteis espetaculares e a falta de roupas para as pessoas. O que se espera da revolução não é uma mudança representativa, mas a tomada dos meios de produção e dos bens de consumo pelo povo e para o povo.  Tomar para si toda a riqueza propicia ao povo conhecer o que é bem-estar, e como é viver na fartura assim como se conhece o trabalho duro e a escassez do que se deseja e necessita.
“O direito ao bem-estar é a possibilidade de viver como seres humanos e de criar os filhos para fazer-lhes membros iguais de uma sociedade superior à nossa, ao passo que o direito ao trabalho é o direito a continuar sempre sendo um escravo assalariado, um homem de labor, governado e explodido pelos burgueses do manhã. O direito ao bem-estar é a revolução social; o direito ao trabalho é, no máximo, um presídio industrial.”(ibidem)

Como os anarquistas imaginam a possibilidade de uma sociedade igualitária e economicamente possível na forma de proporcionar bem-estar a todos? Essa sem duvida é uma pergunta importante a ser elucidada, e Kropotkin assim como outros teóricos anarquistas nos apresentam várias proposições, entre elas o comunismo anarquista que é justamente a proposição de Kropotkin. No que diz: Toda sociedade que rompa com a propriedade privada se verá no caso de organizar-se em comunismo anarquista. (ibidem)

Em um momento distante na história da civilização o coletivismo servi para promover ações em comum que favoreceram toda a comunidade sem prejuízo a ninguém, a construção de poços, pontes e estradas não dependiam de empreendimento assalariado, mas da necessidade das aldeias e vilas, o que era feito por meio de ação coletiva, algo que na sociedade moderna não funciona, o advento do capitalismo instituiu como meio para a distribuição dos bens de acordo com o trabalho desempenhado, o salario, e segundo os economistas liberais o que foi seguido ao menos na concepção de distribuição de bens por Marx, e o seguimento socialista Marxista, cada trabalhador tem sua parte na produção mensurada pelas horas de trabalho empregadas no serviço. O que proporcionalmente não significa sanar uma necessidade real ou valorar seu esforço de acordo com a produção desenvolvida.  A síntese dessa ótica é a remuneração do trabalho está vinculado ao tempo de trabalho gasto na produção dos bens, o que nos propõe Kropotkin é irmos além dessa visão economicamente limitada e limitante para a promoção do bem-estar social.
Para uma sociedade onde os meios de produção serão de todos, denotando uma mudança total na formatação do trabalho e nas atividades e relações de trabalho, a distribuição dos produtos desse trabalho também tem que sofrer uma mudança radical, não com a forma suavizada de um comunismo de estado (Marxismo), mas se todos tralham então que todos possuam. O fim da propriedade traz consigo essa mudança proporcionalmente, não havendo proprietários cada um tem para si o apenas a posse do que necessita para o seu bem estar, e não sendo pago pelo trabalho ou recebendo bonificações, mas possuindo as riquezas assim como o trabalho é coletivo as riquezas também devem ser. “O salário nasceu da apropriação pessoal do solo e dos instrumentos para a produção por parte de alguns”. Era a condição necessária para o desenvolvimento da produção capitalista; morrerá com ela, ainda que se trate de disfarçá-la sob a forma de «bônus de trabalho». A posse comum dos instrumentos de trabalho trará consigo necessariamente o goze em comum dos frutos do labor comum”(..) Mas nosso comunismo não é o dos falansterianos nem o dos teóricos autoritários alemães, senão o comunismo anarquista, o comunismo sem governo, o dos homens livres”. Esta é a síntese dos dois fins perseguidos pela humanidade através das idades: a liberdade econômica e a liberdade política. (ibidem).
O anarquismo não compactua com os conceitos retrógrados onde figura a ideia de “estado gestor”, soberano na manutenção do bem estar social e da segurança econômica da sociedade, o mito ideológico não tem reflexo na realidade, a maioria das atividades produtivas da sociedade são desassociadas da gestão do estado, quanto maior a interferência do estado nas atividades econômicas maior à possibilidade de insucesso e fracasso. Em síntese a ação do estado interfere no processo produtivo apenas para confisco e não como provedor e administrador. Os processos necessários para garantir uma nova organização econômica, que faças jus a essa ciência, compreender as necessidades humanas e promover formas de satisfazê-las, terão duras e difíceis , não se modifica uma estrutura social de forma tão radical com mudanças e reformas singelas, é como utilizar pano novo para remendar roupas rotas, com o tempo tudo está rasgado novamente, após sublevar o antigo sistema e apropriar-se dos meios de produção é necessário integrar as ações de trabalho e compondo uma verdadeira conexão entre os trabalhadores do campo e o trabalhador urbano podendo haver através das livres associações trocas de mantimentos necessários para a vida urbana por produtos manufaturados que interessem aos camponeses, a tudo que for abundante que se peguem sem regulação e o que for escasso que tenha comedimento. “Mas uma sociedade que conceda a cada um de seus membros a instrução ampla, filosófica e científica saberá organizar o trabalho corporal de maneira que seja orgulho da humanidade, e a sociedade sábia chegará a ser uma associação de pesquisadores, de aficionados e de obreiros, os quais conheçam um ofício manual e se
interessem pela ciência.”(ibidem)

A revolução anarquista tem como premissa a liberdade do individuo de forma incondicional, partimos dessa premissa para compor as relações sociais, “do individuo livre para a sociedade livre”. 

Não em simbologia e ideologias vazias de propósitos reais, mas superior nas relações e no respeito aos semelhantes, que a igualdade de direitos não passem de letra morta em legislação imprópria, mas de se consolide todos os dias na prática das relações de trabalho e de solidariedade em uma sociedade anarquista.




Referências Bibliográficas: Kropotkin, Piotr .A Conquista do Pão. Ed. Organização Simões, 1953 - RJ

Um comentário: