quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sartre e a ética Existencialista


Introdução
A obra de Sartre soa como um desabafo a criticas ao seu pensamento e sua condição de ateu, em um primeiro momento rebate algumas criticas sofrida por ele e aponta alguns erros de interpretação se suas considerações em relação ao sua filosofia existencialista.
As questões levantadas pelo filosofo toma corpo na sua interpretação do humanismo e da condição do homem de ser livre, bem como da total responsabilidade por suas escolhas, descartando assim qualquer condicionante que vincule o homem a um destino traçado por um ser superior ou um sistema prescrito da trajetória humana. Assim sendo a ética humana tem que ser formatada pelos valores formados pelo homem e fruto de sua própria criação, suas experiências e escolhas. O que torna muito interessante suas considerações e um campo muito promissor para reflexões filosóficas.

Sartre e a ética existencialista

As preocupações de Sartre sobre a condição do homem enquanto ser ético e como ele compõe sua conduta passam pela análise de duas questões principais expostas em sua obra O existencialismo é um humanismo. Primeiro nos apresenta uma definição do que é o humanismo e de como as diversas vertentes de pensamento politico e religioso se ligaram e esse termo e de alguma maneira formaram uma definição de humanismo que se pretende universal. Em seguida faz uma defesa a sua concepção filosófica e liga suas considerações ao humanismo focando a liberdade e a condição do homem como ser livre e responsável por suas ações.
A defesa feita por Sartre ao existencialismo por ele elaborado é até certo ponto interessante do ponto de vista filosófico visto a questão levantada por esse pensador na medida em que propõe uma maneira de construir valores universais para o homem partindo de uma configuração autônoma e independente de dogmas e crenças coletivas.
“(..) Ao afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se escolhe, mas queremos dizer também que, escolhendo-se, ele escolhe todos os homens. (...) Escolher ser isto ou aquilo é afirmar, concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo(...) queremos existir ao mesmo tempo que moldamos nossa imagem essa imagem é válida para todos e para toda a nossa época. Portanto, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, pois ela engaja a humanidade inteira.” (Sartre).
O homem livre de amarras e condicionantes seculares se vê responsável pelos seus atos e escolhas sem ter a quem recorrer ou culpar pelos acertos ou erros até que venha ocorrer. Essa é condição imposta por Sartre e é , em grande medida, resultante de seu pensamento desprovido de compromisso com a religiosidade tornando um pensamento muito mais voltado a perseguir a verdade, sem condicionantes dogmáticas. O que chama atenção é sua relutância em se desvincular da crença marxista composta de preconceitos e valores tão permissivos a construção de um pensamento autônomo e livre quanto os dogmas cristãos. O materialismo marxista é muito mais fé do que fato cientifico, e se a proposição de Sartre é a formação de uma condição humana pautada na escolha do homem livre de crenças, a primeira ação é imolar um a um os preconceitos que nos impuseram até aqui, incluso o marxismo.

Conclusão
O homem é livre para fazer suas escolhas, seus valores são sem duvida moldados pelas suas necessidades, vontades e experiências, porém a vontade do homem tem sem duvida vetores que inferem de forma diversa na sua formatação. O que possivelmente Sartre definiria como casualidades, o que não pode ser tida como constantes atemporais, o que impossibilita a fixação de um curso histórico como agente formador de valores universais. Talvez o “inconsciente coletivo” de Reich traga mais luz a essa questão do que o “materialismo histórico” de Marx jamais poderia. O ser livre implica problemas éticos que o sistema formado através da ótica da exploração do homem pelo homem não tem competência para compreender.
Não obstante, a leitura dessa obra traz a possibilidade de situar o homem como um ser independente de condição temporal na formação de seus valores morais, a sua liberdade tem uma característica contingente permanente, não estando ligada ao passado nem ao futuro o que lhe proporciona uma probidade constante e iminente. Os atos do homem e seus valores são fruto de suas escolhas e não do destino ou de deus, essa é a condenação a liberdade que se refere Sartre.  A responsabilidade que o existencialismo de Sartre põe em evidencia demonstra o tamanho da responsabilidade que tem o homem ao assumir sua condição de ser livre, no que diz: “(..)Sou desse modo, responsável por mim mesmo e por todos e crio determinada imagem do homem por mim mesmo escolhido; por outras palavras: escolhendo-me, escolho o homem”(Idem). O homem livre se reinventa e faz suas próprias escolhas, rasgando assim o véu de Maya e assumindo sua condição natural de ser que precede a essência, ou seja, o único ser que se faz após sua existência constrói seus valores e sua essência.

Referencias bibliográficas

Sartre, J. P. O existencialismo é um humanismo. Os pensadores. São Paulo. Ed. Abril Cultural, 1978.

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